Nova Friburgo avança na garantia de direitos e cidadania do segmento
“Tá pensando que travesti é bagunça?”, foi com esse protesto que o  Brasil conheceu um pouco da dura realidade da vida de travestis e  transexuais através do programa Profissão Repórter, exibido pela Rede  Globo no dia 25 de maio de 2010. Nem todo segmento trabalha com a  prostituição, mas a violência mostrada na cena, infelizmente, é uma  constante na vida destes cidadãos.
 O dia 29 de janeiro no Brasil é a data em que se comemora a visibilidade  Travesti e Transexual. Neste mesmo dia, em 2004, pela primeira vez na  história do país, travestis brasileiras entraram no Congresso Nacional,  em Brasília, para lançar a campanha “Travesti e Respeito”, do  Departamento DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
 E para celebrar o Dia Nacional da Visibilidade Trans, o programa Rio Sem  Homofobia, um conjunto de políticas públicas para combater a  discriminação e promover e cidadania LGBT, lançou neste dia 28, matérias  e informativos sobre os direitos civis de travestis e homossexuais, que  circularão pela web, bares e locais de convivência deste público e  também por delegacias, postos de saúde, escolas e outros órgãos.
 A ação do programa é executada através da Superintendência de Direitos  Individuais Coletivos e Difusos da Secretaria Estadual de Assistência  Social e Direitos Humanos. Segundo o blog do superintendente e  coordenador do programa Rio sem Homofobia, Cláudio Nascimento: “Entre  março e dezembro de 2010 foram 92 protocolos de atendimento a travestis e  transexuais, sendo que aproximadamente 60% (ou 55 protocolos de  atendimento) dizem respeito à violência. Os demais estão relacionados,  principalmente, com a retificação de registro civil (mudança de nome) e  busca por outros direitos.”
 Em Nova Friburgo, no último dia 11 foi publicada a lei municipal nº  3.892, que proíbe qualquer forma de discriminação a pessoas em razão de  sua orientação sexual, e conta ainda com o Centro Regional de Promoção  da Cidadania LGBT – Hanna Suzart, que presta atendimento social,  jurídico e psicológico para população, amigos e parentes de lésbica,  gays, bissexuais e travestis vítimas de homofobia, e funciona na Avenida  Alberto Braune 223, centro, antiga rodoviária Leopoldina.
  A lei 3.892, entende a discriminação, além da violência física,  psicológica, sexual e patrimonial, o constrangimento, preterimento ou  diferenciação nos atendimentos, e ainda, veiculação ou publicação, pela  imprensa ou pela internet, através de textos, símbolos, emblemas,  ornamentos, áudio, vídeo, fotografias ou qualquer outro instrumento que  induza a práticas preconceituosas ou discriminatórias, também prevê a  questão da cidadania trans quando proíbe negar a identificação de  pessoas pelo nome social escolhido, quando for expressamente solicitado  pelo interessado, como é o caso das travestis no convívio social.
 Apesar dos avanços nos últimos anos, não só em termos de mobilizações e  políticas públicas, como também na atenção e conquista de espaço na  mídia – como no caso da transexual Ariadna, que participou do Big  Brother Brasil 11 – travestis e transexuais ainda enfrentam um cenário  de discriminação, violência e riscos, conhecidos como vulnerabilidade.  De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia, os números de homicídios  aumentam a cada dez dias.
 Pesquisas como esta denunciam a urgência na garantia dos direitos e  combate a intolerância a que este segmento é exposto diariamente. Além  de agredidas, assassinadas e violentadas, as travestis são rotuladas  como criminosas, uma situação absurda, que precisa ser revertida  urgentemente.